Criteriosa escolha atenciosa permite fazer o uso correto da madeira para diversos fins, inclusive construir uma casa inteira com o material. A arquiteta Heloísa Pomaro desvenda os segredos desse elemento essencial
1. Há no mercado as madeiras nobres, como maçaranduba, aro eira, ipê, jatobá, itauba, peroba-rosa e pau-ferro, que são o tipo mais caro. Caso a intenção seja encontrar um preço menor, pode-se optar por uma madeira como o eucalipto, que é reflorestada, mas tem status de nobre em função do tratamento por que passa, que retira o cupim come e enrijece a madeira. Quem aprecia as linhas retas não pode usar o eucalipto, por conta da forma roliça em que ele costuma ser vendido.
2. A madeira pode ser aplicada nas estruturas, como paredes e telhado, nos acabamentos, como forro, piso, em todas as portas e janelas, além de locais onde se queira incrementar esteticamente. Também há possibilidade de se fazer uma casa inteira de madeira. A única contra indicação é a aplicação nas áreas molhadas, já que nelas a madeira funciona como uma "esponja", absorvendo a água e se dilatando constantemente, o que leva ao apodrecimento.
3. Se houver problemas em madeiras estruturais, como as de pilares, é necessário trocar a peça inteira. Se o dano for superficial ou estético, é possível fazer um enxerto seguido de tratamento. Se a rachadura for nas paredes, há a possibilidade de se fazer a manutenção sem que seja preciso mudar toda a superfície.
4. Quem deseja ter uma casa inteira de madeira precisa realizar um tratamento químico de solo ao redor da morada para driblar o cupim. Esse tratamento garante uma média de cinco anos sem problemas com o inseto. Além dessa precaução, é importante adquirir uma madeira que tenha passado por um processo completo de secagem, o que não ocorre com todas elas. O consumidor leigo tem de observar se a madeira parece úmida antes de comprá-la; caso ela pareça, evite adquirir.
5. A manutenção da madeira deve ser feita com verniz naval. Se a parede recebe muita incidência solar ou chuva, deve ser impermeabilizada todos os anos, ou quando o proprietário achar adequado, por conta da estética. Em situações normais, basta envernizar a cada dois anos para manter sua durabilidade.
6. Há tipos de madeira indicados para cada necessidade. A maçaranduba, a itauba e a jatobá são para as estruturas, por conta da resistência; a peroba-rosa é usada tradicionalmente para fazer telhados, apesar da aplicação poder variar; o pau-ferro serve para móveis, devido à cor bem escura. O ipê-amarelo vai na fabricação de escadas, portas e janelas e o roxo é indicado para estruturas, paredes e pisos e móveis. Já a agelimpedra é muito usada no ramo de movelaria em geral.
7. A melhor madeira para ser aplicada em locais úmidos é a aroeira. Em lugares secos e quentes, a maçaranduba e a itauba são as opções mais indicadas, isso em razão das suas regiões de origem, como o Mato Grosso, por exemplo. Já a peroba rosa pode ser usada em todas as condições climáticas, por isso é amplamente adotada no telhado.
8. Para pintar a madeira, basta lixar, selar e usar tintas específicas. Os produtos para alvenaria são proibidos nesse caso, porque na madeira podem criar bolhas descascar. As madeiras que expelem resina natural com mais frequência ou que não forem secas em estufa podem apresentar bolhas depois da tinta, buscando um "respiro".
9. A madeira nobre dura mais de 100 anos. Sem a manutenção devida, ela vai escurecendo. Se passou por todo o processo de tratamento inicial necessário, consegue manter o aspecto natural. Seja na área interna ou externa, a durabilidade é a mesma. A aroeira é a madeira mais nobre e resistente que existe; mesmo sem diversos processos de manutenção, ela mantém a durabilidade. Uma casa somente de aroeira é totalmente inviável, devido ao alto custo e à preservação do material.
10. Eucalipto é a mais barata e a mais indicada por causa da sustentabilidade. Sua árvore já está pronta para ser empregada na construção em apenas cinco anos, enquanto a madeira nobre demora 20 anos para virar uma árvore e, a partir daí, pode virar uma viga, por exemplo.